24-10-2024
O segundo webinar "Questões éticas em saúde pública: biobancos", que decorreu online no dia 24 de outubro, no âmbito da Plataforma Lusófona, contou com perto de 200 participantes para um debate e troca de experiências sobre os desafios éticos destas "bibliotecas da vida".
Na abertura, a Presidente do CNECV, Maria do Céu Patrão Neves, destacou a relevância do tema tão pouco debatido no contexto da região africana. Joana Morais, Diretora Geral do Instituto Nacional de Investigação em Saúde de Angola, destacou alguns aspetos importantes, como o facto de o continente africano ser o segundo mais populoso, com uma diversidade biológica “incrível”, com persistência de doenças transmissíveis e aumento das não transmissíveis, para além do contexto relacionado com os conflitos armados, a instabilidade económica e os desafios socioeconómicos. A doutorada em Biologia Parasitária e Doenças Infeciosas, que já foi vice-reitora para os Assuntos Científicos da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, sublinhou que existe um grande desconhecimento sobre estas estruturas em África. Para esta especialista, “perdem-se oportunidades, devido à sub representação da região, na revolução científica trazida pelos biobancos”. De seguida, Cíntia Águas, secretária executiva do CNECV, jurista e doutorada em Bioética, sublinhou a importância de “garantir um acesso equitativo aos benefícios da investigação realizada com recurso a amostras biológicas e dados geridos por biobancos, estabelecendo políticas de cooperação no espaço lusófono e promovendo a transferência de conhecimentos e tecnologias, adotando a abordagem de Uma Só Saúde para novos modelos de biobancos. “Os biobancos de expressão portuguesa estão a ganhar voz”, salientou. No balanço do Webinar, o vice-presidente do CNECV, André Dias Pereira, lembrou que o português é a língua mais falada do hemisfério sul, o que deve ser visto como um fator de cooperação numa ciência “falada em português”. Salientou ainda a importância de os biobancos trabalharem em conjunto, sempre em cumprimento dos pressupostos éticos e regulamentares.
